Cristo edifica Sua Igreja
Sabendo que Israel O rejeitaria e O crucificaria, Cristo disse que edificaria uma nova entidade, a Igreja. A palavra "igreja" ou "igrejas" (ekklesia no grego, significa "chamados para fora"), ocorre cerca de 114 vezes no Novo Testamento. Não há no Velho Testamento palavra hebraica traduzida por "igreja". Referindo-se a Israel, as palavras mais comparáveis no hebraico são edah, mowed e qahal, cuja tradução é "assembléia" ou "congregação". Enquanto Atos 7.38 refere-se "à ‘igreja’ [congregação de Israel] no deserto", a Bíblia faz uma clara distinção entre Israel e a Igreja do Novo Testamento, constituída tanto de gentios como de judeus e que não existia antes da morte e da ressurreição de Cristo. Foi estabelecida por Ele e para Ele que, mesmo até agora, continua a edificá-la: "Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16.18).
Temos aqui uma óbvia reivindicação de Cristo de que Ele é Deus. Israel foi escolhido por Deus. Quem, então, senão Deus mesmo, poderia estabelecer uma outra congregação de crentes em acréscimo a, e distinta de Israel? A afirmação de Cristo em relação à Igreja é semelhante ao que Ele disse aos judeus "que creram nele", e tem as mesmas implicações sérias: "Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8.31-32).
Os judeus devem ter ficado pasmos. Como Ele ousara dizer termos tais como: "minha palavra", "meus discípulos", ou afirmar ter poder para libertar os Seus seguidores? Não era a palavra de Deus que eles deveriam seguir, e não eram eles discípulos de Moisés? Com estas prerrogativas, não queria Ele ser maior que Moisés ou até mesmo igual a Deus? Qualquer que fosse o sentido dos termos "Seu discípulo", Ele estava, obviamente, começando algo novo.
Distinções entre Israel e a Igreja
No seu início a Igreja era composta só de crentes judeus. Eles tinham dificuldade de acreditar que os gentios também podiam ser salvos por Cristo e fazer parte da Igreja, mesmo tendo os profetas do Velho Testamento feito tal afirmação (Salmos 72.11, 17; Isaías 11.10; 42.1-6; 49.6; Malaquias 1.11, etc.). Até mesmo depois de compreendido o "mistério" revelado por Paulo de "que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho" (Efésios 3.6), alguns deles tentaram sujeitar os gentios às suas leis judaicas. Na verdade, estavam erroneamente fazendo da Igreja uma extensão de Israel (Atos 15.1).
Os gentios são "separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo" (Efésios 2.12). Quando um gentio é salvo e acrescentado por Cristo como uma "pedra viva" à Igreja em construção (1 Pedro 2.5), não está sob as leis judaicas e os costumes da Antiga Aliança. E quando um judeu é salvo e acrescentado à Igreja, está livre da lei judaica ("lei do pecado e da morte") e de suas penalidades (Romanos 8.1). Tanto um como o outro, que pela fé entraram para a Igreja, estão dali em diante sob uma lei superior "a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus" (Romanos 8.2). De fato, Cristo tornou-se sua vida, expressando através deles este novo padrão de sã conduta – algo desconhecido de Israel, até mesmo de seus grandes profetas (1 Pedro 1.10-12).
A Igreja – Corpo de Cristo
A Igreja é o corpo de Cristo e por Ele é nutrida. Os crentes são chamados de ramos na videira verdadeira num fluir contínuo da vida dEle para os crentes. Cristo é a cabeça do corpo, que é, portanto, por Ele dirigido e não por um sacerdócio ou qualquer outra hierarquia de homens em sedes na terra. A sede da Igreja está nos céus. No entanto, as denominações (e demais seitas) de hoje têm as suas sedes e as suas tradições e tornaram-se em organizações, ao invés de se contentarem em fazer parte do organismo, o corpo de Cristo.
Na Igreja "não pode haver judeu nem grego [gentio]... porque todos vós sois um em Cristo" (Gálatas 3.28). Os gentios não se tornam judeus, mas judeu e gentio tornaram-se "um novo homem" (Efésios 2.15). Na cruz, Cristo "aboliu" as "ordenanças" que separavam judeu e gentio. Daí podermos afirmar com toda certeza que os gentios não têm de se submeter àquelas "ordenanças". Tentar fazê-lo é abominação e forçar algo que Deus aboliu.